O Ato "Democracia Inabalada" tem viés oportunista.
O ato oficial organizado pelo governo para o dia 8 de janeiro, não condiz com a realidade. A estratégia é continuar se apropriando, indebitamente, da defesa da democracia, que na verdade nenhum dos três Poderes a praticam na sua plenitude, como demonstram, por exemplo, os tratamentos dispensados a CPMI. Os protagonistas do ato, usam e abusam da depredação como justificativa para ao neologismo "democracia inabalada", mas não apresentaram até agora os verdadeiros vândalos, classificação do ministro José Mucio Monteiro, como aquele que quebrou o relógio de Dom João VI, por exemplo. Nada se fala das responsabilidades do GSI, do Batalhão da Guarda Presidencial, do Regimento de Cavalaria, enfim a proteção do Palácio do Planalto.
Nada se fala, da "persuasão" do governo, reitera-se, para que a CPMI não se concretizasse, e pior ainda, para tomar conta da própria, que na verdade não queria! Nada se fala do não comparecimento do senhor Dino a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, convocado por três vezes, para esclarecer como se permitiu, com tanta facilidade, os atos de vandalismo, onde o mesmo, como o imperador Nero, tocava sua harpa enquanto os três poderes pegavam fogo.
Nada se fala sobe a “desídia” do Ministério de Justiça, então comandado por aquele senhor, da sua reiterada falta de transparência, ao, simplesmente, não atender dezenas de pedidos de informações com base na Lei de Acesso a Informação, aliás segundo reportagem do Jornal Estado de São Paulo, bateu recorde neste sentido, mais ainda, "censurou" descaradamente a divulgação das imagens gravadas, no dia das invasões, dentro do seu Ministério.
Nada se fala da "Dama do Tráfico" que foi recebida no seu Ministério por duas vezes. Reportagem sobre este assunto recebeu o Grande Prêmio das melhores reportagens feitas pelo Estadão no ano passado. A presença do STF no referido ato, também contribui para, com todas as vênias o teatro que foi montado, pois além do comportamento "heterodoxo" do ministro Alexandre de Moraes: mandou prender três mil manifestantes, sem fragrantes e sem nenhuma acusação formal, portanto sem provas de que os manifestantes, não terroristas, classificação dada pelo o ministro das Relações Institucionais, participaram do grupo de bandidos, prisão surreal que lembrou os dias mais tenebrosos do nazismo. ]
O governo libera bandidos e traficantes perigosos no "perdão de Natal”, mas "esquece" os manifestantes presos, todos réus primários, que a lei os asseguram responder qualquer inquérito em liberdade. O Congresso se acovardou, frente as dezenas de pedidos dos parlamentares para que o senhor Alexandre prestasse depoimento sobre as prisões ilegais e imorais, e o próprio senhor Dino, agravado pela grave acusação do presidente Lula de que o Parlamento seria a "raposa que toma conta do galinheiro".
Por fim, só para contextualizar, pesquisa recentíssima da Genial/Quaest, informa que 85% dos eleitores de Bolsonaro desaprovam os atos de depredação. Os protagonistas do ato de 8/1/2024, argumentam, reiteradamente, que o mais importante é saber quem foram os financiadores da ida dos manifestantes a Brasilia, em detrimento da busca correta, prioritária em qualquer investigação séria, dos incentivadores "profissionais" e dos líderes dos arruaceiros que invadiram e quebraram a Praça dos Três Poderes. O que é mais prioritário estrategicamente, encontrar os financiadores da ida dos manifestantes a Brasilia, ou encontrar os líderes e incentivadores da depredação da Praça dos Três Poderes !?
O ministro José Múcio Monteiro, das relações institucionais, em entrevista publicada no dia 7/1/23 Estadão, (A6 - politica) concorda com esta assertiva ao afirmar que o 8 de janeiro foi obra de vândalos, e, complemento, não de manifestantes pacíficos que estavam acampados no quartel do Exército: "As forças armadas ficaram de fora (...) e que o governo está de "orelha em pé" enfatizou o Ministro. É só olhar as imagens, sem necessidade de lupas, para perceber que a esmagadora maioria dos manifestantes ficaram do lado de fora dos palácios. Por tudo isso, e muito mais que, entendo, o ato de segunda feira como um grande engodo a população a se transformar num oportunismo nefasto para a própria democracia, na medida em que se apropriam, indebitamente, da virtude da defesa da democracia, mas percebe-se que o interesse está bem longe disso; puro oportunismo demagógico, a considerar que nenhum dos protagonistas, têm demonstrado, na prática, e plenamente, que realmente defendem a democracia, como demonstrado, em resumida síntese, alhures. Por fim o ministro Luis Roberto Barroso, vociferou que o patriotismo não tem dono; corretíssimo! mas muito menos a defesa da democracia.
Erminio Alves de Lima Neto
01/2023
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